30 de outubro de 2025

No trabalho em campo, fazendo a regularização fundiária acontecer na prática, a equipe da Versaurb convive diariamente com pessoas de diferentes idades, histórias e realidades. Cada encontro traz desafios e aprendizados, exigindo novas formas de atuar e se adaptar. Não há distância nem obstáculo que nos afaste da missão que nos move: levar dignidade, reconhecimento e melhorias a quem mais precisa.
No trabalho de mobilização social, há gestos que dizem mais do que palavras. Quando um colaborador da Versaurb estende o braço sobre o muro para entregar uma carta, um convite ou um croqui, o que passa de uma mão à outra é mais que papel: é um convite à participação, é o primeiro passo da regularização fundiária.
O programa de regularização fundiária “Morar Legal” nasce desses encontros – de conversas na janela, na soleira da porta, na calçada, na sala, na cozinha. A cada visita, um elo se forma: entre o técnico que explica e o morador que escuta, entre o mapa e a memória, entre o direito e a vida.
O muro, antes barreira, torna-se símbolo de aproximação. De um lado, o esforço de quem percorre ruas e ladeiras; do outro, a confiança de quem abre espaço para o diálogo. É nessa travessia que a Reurb se realiza – no simples ato de entregar uma carta e, com ela, a promessa de dignidade e reconhecimento.
ULTRAPASSAR BARREIRAS – Há algo de profundamente simbólico no instante em que um convite para participar do programa de regularização fundiária “Morar Legal” – seja para uma reunião comunitária ou para fazer o cadastro social – atravessa o muro. Não é apenas uma folha ou um envelope entregue; é um gesto que traduz o propósito da regularização fundiária: ultrapassar barreiras, aproximar histórias, formalizar pertencimentos.
Os colaboradores da Versaurb conhecem bem essa cena. É comum que, nos núcleos onde a Reurb avança, o primeiro contato aconteça ali – sobre o muro, pela fresta do portão ou através da janela. O braço que se estende com um croqui, uma carta ou um convite leva consigo algo maior do que o papel: leva a possibilidade de transformar um terreno em endereço, um espaço em lar reconhecido.

ESCUTA E OLHAR ATENTOS – Entre o técnico e o morador, por vezes o diálogo começa com o estranhamento natural de quem é surpreendido por uma novidade. Mas logo o tom muda. O mapa aberto na calçada vira motivo de conversa; o lote fotografado e medido com alta precisão desperta lembranças, gera reconhecimento; o documento entregue desperta confiança. A distância física – muro, portão, porta, janela – se dissolve na escuta e no olhar atentos.
Há esforço em cada passo dessa aproximação: enfrentar o sol forte, o terreno íngreme, a recepção cautelosa. Mas há também a força silenciosa da conexão que se estabelece, pouco a pouco, entre quem executa um projeto e quem vive sua realidade.
HISTÓRIAS – Na mobilização social da Reurb, o trabalho técnico se mistura ao humano. A planta do lote deixa de ser apenas um dado geográfico e passa a carregar histórias de vidas, de esperas, de esperanças. Cada conversa na soleira da porta é uma partilha de mundos – o da política pública e o da vida cotidiana – que se encontram por um instante para construir algo comum.
Quando o convite para participar da Reurb cruza o muro, é a própria ideia de cidade que muda de lugar. O gesto simples de estender a mão, de entregar um papel, de chamar pelo nome, materializa o princípio essencial da regularização fundiária: reconhecer o que já existe, dar forma legal ao que sempre foi real.
E assim, muro após muro, conversa após conversa, a Reurb se faz – não apenas como política pública, mas como exercício de confiança, de escuta e de vínculo. Porque o que se entrega sobre o muro não é apenas um convite: é um direito que chega, finalmente, à porta de casa.

