28 de novembro de 2025

À medida que novembro avança, o País inteiro volta sua atenção para a “Black Friday”, tradicional maratona de ofertas relâmpago que promete transformar desejos em compras e transformar consumidores em caçadores de descontos. Entre telas piscando, contagens regressivas e carrinhos virtuais lotados, a ideia de aproveitar o “melhor preço do ano” ganha o centro das conversas – ainda que, algumas vezes, a economia seja mais emocional do que financeira.
Mas, longe do barulho das vitrines digitais e das filas nas lojas e shoppings, outra movimentação ocorre de forma silenciosa, constante e profundamente transformadora. É a atuação da Regularização Fundiária Urbana, a Reurb, que, ao contrário da “Black Friday”, não tem horário para acabar, não exige cupom, nem cria a sensação de urgência artificial que move o consumo. É o “Morar Legal”: sua urgência é real, e sua entrega, permanente.

RECONHECIMENTO – Enquanto a “Black Friday” anuncia promoções temporárias, a Reurb caminha por ruas que, muitas vezes, o mapa ainda não reconhece. Técnicos percorrem morros, becos e vielas, batendo de porta em porta para entender como cada lote surgiu, como cada casa foi construída, quando a família chegou, qual história se esconde atrás de cada quintal e de cada parede levantada aos poucos. A Reurb não oferece produtos. Ela oferece reconhecimento, e começa escutando.
Se a “Black Friday” promete descontos que valem por algumas horas, a Reurb entrega direitos que valem por gerações. A cada visita técnica, a cada registro fotográfico, a cada conversa com moradores, a cada croqui e planta de parcelamento vai se formando um mosaico de histórias que a lei precisa conhecer para garantir segurança jurídica. O processo é menos instantâneo que clicar em “finalizar compra”, mas infinitamente mais valioso: ele transforma incertezas em estabilidade e informalidade em cidadania.
TRANQUILIDADE – Há quem espere a “Black Friday” para comprar uma televisão maior; há quem espere a vida toda para ver sua rua, finalmente, existir no papel. No primeiro caso, o cliente ganha um eletrônico novo. No segundo, uma família ganha o direito de permanecer no lugar onde construiu todo o seu passado, e onde planeja o futuro.
Se na “Black Friday” o consumidor corre atrás do menor preço, na Reurb é o poder público que corre atrás da tranquilidade das pessoas. Enquanto anúncios chamativos disputam a atenção na internet, a regularização fundiária disputa outra coisa: o reconhecimento de que cada lote, que cada casa, abriga uma história legítima, e que essa história merece ser protegida.
COINCIDÊNCIA – Com um toque de humor, muitos moradores até brincam que a Reurb é a “promoção mais aguardada” do bairro – mas, nesse caso, ninguém precisa pagar nada, não há troca após sete dias e a garantia não tem validade. O título de propriedade, ao contrário dos produtos comprados na “Black Friday”, não perde valor. Pelo contrário: ele inaugura uma nova fase na vida de quem recebe.
E, apesar de suas diferenças, há uma coincidência curiosa entre as duas coisas. A “Black Friday” provoca uma corrida desenfreada por algo novo; a Reurb provoca uma corrida cuidadosa por algo que já existia há muito tempo, o direito de ser reconhecido. A primeira oferece oportunidade para comprar. A segunda oferece oportunidade para pertencer.
Ao final de novembro, quando as caixas de compra chegam e as promoções já passaram, a “Black Friday” se encerra. Mas a Reurb continua. Segue caminhando pelas comunidades, ouvindo pessoas, registrando histórias, protegendo memórias, garantindo que ninguém seja invisível no território onde sempre viveu.
Em um país tão marcado por desigualdades, a melhor oferta não é a que aparece no anúncio mais vistoso. A melhor oferta – a mais rara e a mais valiosa – é aquela que transforma um endereço incerto em um lar protegido, uma rua sem nome em parte oficial da cidade, e uma família invisível em cidadã reconhecida.
E, nesse quesito, nenhuma “Black Friday” supera a Reurb.

